sábado, 21 de junho de 2008

Tratamento GLOBAL para a HDTV

O High Definition é o novo astro da Globo. A campanha que está sendo feita é quase um espetáculo. As campanhas são super glamourizadas. Inclusive utilizando as crianças da emissora, para representar a nova geração.
As vinhetas são quase "emocionantes".
Colocarei uma parte da entrevista com o gerente técnico da emissora em São Paulo.


HDTV TV Globo coloca a experiência HD no ar

Agora é para valer. O sinal digital da TV Globo está no ar e em alta definição. Para entender como tem sido estes primeiros tempos das transmissões de teste, conversamos com Raymundo Barros, gerente técnico da emissora em São Paulo. Hoje a TV Globo considera que o grande negócio da TV digital é o HDTV, pois é uma evolução que “tira a síndrome de rádio AM da televisão analógica”, segundo Raymundo Barros, gerente técnico da emissora. Para ele, se nada fosse feito, em pouco tempo a televisão da forma como conhecemos, seria o rádio AM do século 21, uma mídia obsoleta. Nesse aspecto, a alta definição resgata a TV a posiciona à frente de todas as outras mídias, “porque nenhuma outra mídia vai poder oferecer a qualidade que nós iremos oferecer em um canal de 6 MHz com codificação H.264 em alta definição”, completa.
A TV Globo estuda as aplicações da televisão digital em parceria com engenheiros de outras emissoras e institutos de pesquisa desde a década de 90, além de contar com grupos de trabalho dedicados a aperfeiçoar as técnicas de modulação, multiplex, transmissão para celulares e interatividade. Depois de tantos anos chegou o momento da grande prova: as transmissões na cidade de São Paulo, o seu maior mercado.
As transmissões de teste começaram em 29 de maio e passarão à fase comercial em 2 de dezembro. Para isso, a emissora inaugurou uma instalação na Alameda Santos (na região da Avenida Paulista), que ficará responsável pelos sinais analógicos e digitais da emissora na Grande São Paulo. No local, estão instalados um transmissor NEC e uma impressionante antena desenvolvida pela RFS.
No prédio da Fundação Cásper Líbero continuará instalada a famosa torre que a Globo divide com a TV Gazeta de São Paulo, e que agora ficará com as transmissões analógicas e digitais da Gazeta (com transmissor Linear), além de um back-up da transmissão analógica da TV Globo.


Produção Profissional: A escolha da TV Globo foi por transmissor NEC. Trata-se de um modelo ISDB-T “puro” ou com alterações?
Raymundo Barros: Não há nenhuma alteração no transmissor. As inovações brasileiras são o MPEG4, que é a compressão, e isso não é parte integrante do transmissor. A outra é o middleware das aplicações interativas, que têm um impacto muito maior no receptor do que no transmissor. Então é um transmissor japonês exatamente igual aos outros.

PP: O que diferencia ele de um transmissor feito aqui no Brasil?
RB: Apesar da indústria nacional estar se preparando para entregar os transmissores no padrão japonês, eu não os conheço. O problema desses transmissores são os requisitos técnicos de intermodulação, ruído de fase etc. Eles precisam ser construídos especialmente para os níveis de potência que emissoras como a Globo, SBT e Record irão operar em São Paulo. Eu não vejo uma alternativa com fornecedores nacionais para esse nível de exigência. É claro que em cidades menores, eu tenho certeza, assim como é hoje no mundo analógico, essas empresas vão atender muito bem.

PP: Qual é a audiência do canal digital de teste hoje?
RB: A audiência é limitada. É preciso entender porque estamos no ar, se as transmissões só vão começar no dia 2 de dezembro. Nós estamos através de uma autorização para transmissão experimental do ministério das Comunicações, que tem como objetivo garantir que a nossa área de cobertura de projeto está sendo atendida; nem mais, nem menos. Para isso existe uma equipe da TV Globo fazendo medições em toda a região da área de cobertura do canal 18 (UHF) pra garantir que todos os domicílios com TV de São Paulo terão condições de receber esse sinal com qualidade quando o dia 2 de dezembro chegar.
O outro objetivo é ter um sinal no ar absolutamente aderente aos padrões especificados pela norma do SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital), que permita aos fabricantes de receptores usarem o nosso sinal como um dos sinais de referência deles. Claro que todos têm seus streams de teste, de referência. Mas, saber que um sinal real, da forma como ele estará disponível no final do ano, está disponível para que se faça esses testes, dá ao protótipo um grau de confiabilidade muito grande.

PP: Em qual região de São Paulo estão sendo feitos os testes? Quais são os resultados obtidos?
RB: Estamos em toda a Grande São Paulo. São 170 pontos de medida. São radiais espaçadas a cada cinco graus, com 15 pontos por radial. É um processo de medida que segue os procedimentos estabelecidos para fazer medições de campo. Os resultados estão sendo excepcionais quando se compara com a recepção analógica.
A gente sabe que em muitas regiões da cidade de São Paulo – a cidade é formada por canyons urbanos – existem enormes dificuldades de recepção dos sinais – fantasmas, ruído e interferência de rádios comunitárias. O canal 5 sofre muito com interferência de rádios piratas que está imediatamente acima do meu, entre o canal 5 e 6. O que nós estamos comprovando na prática é uma cobertura que, até agora, se confirma em 100% dos campos. Em muitos casos para ser recebida com antena indoor.

PP: Vocês observaram algum tipo de interferência da TV Globo nos canais adjacentes ou dos canais adjacentes na transmissão da TV Globo?
RB: Essa questão é fundamental. Você tocou num ponto importante quando pensamos em que fornecedor escolher. Tem uma questão que se chama “qual é a máquina de transmissão”, que são as intermodulações. Então, você precisa ter um filtro de máscara de saída e um transmissor construído com um requisito técnico muito rígido exatamente para que não interfira e nem sofra interferência dos canais adjacentes. Nosso canal digital é o canal 18 em São Paulo e o canal adjacente ao nosso é o 19, que é da TVA. Nós estamos fazendo várias medidas para garantir que não seremos e não estaremos sendo invadidos pelo canal 19 analógico e nem estamos provocando interferência nesse canal, porque nós temos um transmissor que é o melhor equipamento disponível no mercado hoje, com o melhor filtro. Com isso, eu vou garantir que para o meu canal adjacente inferior não sofrerá interferência (o canal 17 é o canal digital da TV Gazeta e deverá entrar em funcionamento em meados de agosto).
A questão da interferência está relacionada com a responsabilidade técnica de cada emissora na implementação de seu projeto. No mundo analógico, como não havia canal adjacente, os cuidados que as empresas costumavam tomar, o requisito técnico não era tão sério. No sistema digital você vai ter um canal digital ao lado de outro digital e ao lado outro analógico. Então, precisa ser muito cuidado com filtros de saída, máscara do canal. Isso não é evolução, isso é responsabilidade com o projeto de engenharia que você vai adotar na hora de fazer sua instalação. E todas as áreas de engenharia que estão juntas a 10 anos na defesa do padrão japonês sabem disso. Então acho que não teremos problemas com relação à interferência entre canais.
No Japão o padrão já está implantado e sabemos quais são os requisitos técnicos. Não há razão para se preocupar excessivamente com isso. É seguir o projeto como manda a boa engenharia.
Em relação à evolução do padrão, eu vejo duas frentes. Primeiro, a interatividade. Os serviços interativos vão evoluir com o tempo, com a implementação de novos receptores com mais capacidade de memória e processamento. E aí as aplicações interativas poderão ser mais sofisticadas.
Outra evolução natural será a dos encoders MPEG 4, que hoje já oferecem mais qualidade do que o MPEG 2, mas que oferecerão ao longo dos próximos anos, nas próximas gerações, qualidades ainda maiores até que eles atinjam, como o MPEG 2, a maturidade.

Se quiser ler na íntegra clique aqui.

Observa-se que as únicas características desse novo sistema destacada são os benefícios tecnológicos. Quase não se fala de outra coisa. Esse é o discurso... passivamente todos ouvem. E viva o centenário de imigração japonesa no Brasil.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nem vou te chamar de sarcástica porque fica feio falar isso no blog!