terça-feira, 17 de junho de 2008

Jornalismo Cauda Longa

Numa das primeiras aulas do curso, o professor Vinícius citou a teoria do jornalista e pesquisador Chris Anderson (editor da revista Wired) para explicar os processos econômicos (e comunicacionais) na web, a já famosa Teoria da Cauda Longa.

Em síntese, a teoria fala da transição de um modelo de negócio de hits - quando um produto vendem o suficiente para sustentar todos os outros - adaptado a comunicação massiva, para um modelo de negócio de nicho, adaptado à grande rede, no qual há uma oferta ilimitada de produtos, sendo estes específicos para cada nicho/tribo de consumidores. Um resumo bom da teoria, pode ser encontrado nesse post do Techbits.

A mesma dinâmica é aplicada com eficiência no jornalismo online se pensarmos na informação jornalística como produto.

A idéia que tento apresentar nessa postagem é que cada vez mais - seja através dos blogs, microblogs, rede sociais, hospedeiros de conteúdo como o Youtube e Flickr - a informação jornalística está dissolvida e hiper-segmentada na web. Seja qual o assunto que você deseje informação, há sempre um blog pronto para oferecê-la.

Um artigo bem interessante sobre isso, pode ser encontrado aqui.

Essa hiper-segmentação do jornalismo online abre uma gama imensa possibilidades na maneira como produtor de conteúdo irá se codificar. Veja, por exemplo, os sites de música Pitchfork Media e Stereogum, hoje mais estáveis e tão respeitados quanto as lendárias revistas americanas e inglesas.

Ambos trocam a liguagem dura e impessoal usada nas seções dedicas aso bons sons dos grandes portais, para se comunicar diretamente com seu leitor - esse geralmente com bagagem cultural suficiente para evitar introduções ou simplificações desnecessárias - seja falando "you", "I" e "us", ao invés de sujeitos indeterminados, seja carregando sua escrita com doses fartas de subjetividade, ironia e humor.
Ainda é importante notar que esses sites se aproveitam como poucos de ferramentas da web 2.0, distribuindo conteúdo, além de texto e foto, em vídeos, MP3s e playlists de graça, espaço para interação com os leitores (a seção de cometários do Stereogum é usada muitas vezes como fonte para o editor Scott Lapatine).

O banners e headers de publicidade nesses sites já denunciam: há um novo modelo de negócios no jornalismo musical. A notícia que as versões impressas de duas grandes revistas inglesas, a NME e Q (e também suas versões "adultas", a Uncut e a Mojo), podem fechar nos próximos dois anos para se dedicarem ao seus sites, só vem confirmar essa tendência.

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